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Fragmentos de Vidas #24


Quase dois anos e meio depois, o primeiro convidado regressa ao Fragmentos de Vidas (ver primeira entrevista), para partilhar mais momentos da sua vida. O que mudou? O que se mantém?
Esta conversa foi o regresso à origem!

Após o pedido de remoção da entrevista, realizado pelo entrevistado, decidi eliminar todas as fotografias e nomes relativos à pessoa, deixando as perguntas e respostas que não comprometem a revelação da mesma.
- Alteração efetuada a 16/04/2018 -

Playlist da entrevista:

Já passaram dois anos desde a outra conversa. O que mudou na sua vida?
(Riso) Mudou muita coisa! A pessoa que eu era já não sou, apesar de eu já me considerar madura naquela altura, acho que ainda cresci mais, estou mais livre, estou-me a lixar para algumas cenas, já não dou tanta importância a certas coisas e o meu círculo de amigos mudou totalmente, isso também teve alguma influência na minha vida e entrei na faculdade.

O tesouro que enterraria na conversa anterior ainda seria o mesmo de hoje?
Não, é diferente! Não seria o mesmo! O local também não seria o mesmo. Qual é que é o seu tesouro hoje? O meu tesouro hoje em dia são os meus amigos, mas não os ia enterrar obviamente (risos), eu iria enterrar memórias ou algo que me fizesse lembrar deles.

Sente saudades de muita gente?
(Silêncio) Já senti, mas como disse na primeira pergunta, já deixei de dar importância a certas coisas, há pessoas que eu acho que faziam falta, mas no fundo não faziam falta, era mais eu achar que tinha saudades, mas na verdade não tinha, estavam na minha vida e agora não fazem diferença, estou-me simplesmente a lixar, outras pessoas sim sinto saudades, mas não de muita gente.

Que livro queimaria?
Isto vai soar muito mal e provavelmente vou levar porrada, mas eu queimaria todos os livros religiosos, do tipo a Bíblia, o Corão, entre outros. Acho que há muitas pessoas que estão a levar isso demasiado a sério e isso está a prejudicar o nosso mundo. Por exemplo, os jihadistas levam aquilo literalmente à letra e estão a matar pessoas que não têm culpa nenhuma, a destruir uma parte do mundo completamente à toa por acharem que vão para o céu e encontrarem virgens para eles, não faz sentido nenhum. Para mim isso é um pensamento dos séculos passados, aliás se eu pudesse até tinha queimado todos estes tipos de livro antes da Inquisição, porque isso também foi uma má fase da igreja, que levam tudo à letra e depois dá merda. (exaltada) Portanto, seriam os livros religiosos, isso também impede muita gente de ser livre e de poder viver a sua vida como quer e faz muitas pessoas julgarem as outras sem as conhecerem.

Existiram amigos coloridos durante este tempo?
Sim … (Ri embaraçada) … mais do que um!


A sua opinião sobre as traições amorosas mantêm-se? 
Eu acho que não, porque agora eu vejo que traição é traição, se acontece é porque há espaço para isso, portanto não há nenhum tipo de traição que eu perdoaria. 

O seu "Christian Grey" já apareceu? 
Não! Quer dizer … Pensando na história da outra vez, afinal fui eu que o abandonei porque não dei espaço para as cenas avançarem. Primeiro ele era da Ásia (continente falso por causa da remoção de entrevista), já tive relações há distância, mas agora não mesmo. Não o encontrei, mas talvez esteja mais perto de o encontrar. 

A sua opinião sobre o aborto mantém-se igual? 
Sim mantém-se, mas agora que eu conheço casos mais próximos de mim se calhar não teria uma opinião tão fechada em relação a esse assunto. Eu lembro-me de dizer que mesmo com a violação não estaria de acordo, mas agora que conheço casos, se calhar agora tenho um ponto de vista mais aberto sobre o assunto, mas continuo sem concordar. Na sua opinião, um filho liberta ou aprisiona? Depende, eu acho que depende muito da tua fase de vida. Por exemplo, se eu tivesse um filho agora iria me aprisionar completamente porque eu teria de desistir da faculdade, teria de desistir de muita coisa para tomar responsabilidade do que eu tinha feito. 

Do que ainda sente falta? 
Acho que a nostalgia de sermos crianças vai sempre manter-se até ao fim, mas acho que se atenua quando tens um filho, revês o que foste nessa criança. O que eu sinto mesmo falta agora é de viajar, nem digo de pessoas nem nada, viajar é o que sinto mesmo falta. Não digo de pessoas porque se elas saem da minha vida é porque têm de sair e acabou a história, obviamente que às vezes vêm memórias, mas não é sentir falta, não preciso que as pessoas estejam lá. Para onde iria? Para algum lugar paradisíaco, afastada de tudo, se calhar levava duas ou três pessoas porque não gosto de fazer viagens sozinha. Ou então faria um interrail, utilizava o telemóvel só para tirar umas fotografias, seria isso, é a cena de me libertar da minha vida aqui.


Continua a perdoar, mas sem esquecer? 
Sim, eu perdoo, mas fica lá sempre o que as pessoas fizeram, não me magoa, mas não esqueço. 

Existe alguém a quem queira dizer umas verdades? 
Sim! Que verdades são essas? Um rapaz, acho que me faltou ao respeito, foi totalmente desonesto comigo, foi um cobarde, é assim … eu acho que faltou ele ter vindo falar comigo e ter-me dito as coisas na cara, odeio pessoas que não dizem as coisas na cara, que vêm falar por mensagens e dizer as merdas, e que nem dizem tudo, olha isto serve para outras pessoas também (chateada). Onde é que está a coerência? Não está! Não tenho rancor de ninguém, nem raiva, eu disse-lhes o que tinha a dizer. Por mim tá tudo resolvido, cada um no seu caminho e estou melhor que nunca.

É melhor desistir ou persistir? 
Depende! Se tu tiveres a persistir de uma forma em que te começas a humilhar a ti próprio não vale a pena, se começas a rebaixar-te perante alguém só para teres essa pessoa ao teu lado ou para teres uma coisa, não vale a pena, mais vale desistir. Acho que temos de dar valor a nós próprios, ao que somos e ao que sentimos, por isso em certas situações mais vale desistir do que persistir. Temos de olhar primeiro para nós e depois para os outros. 

Disse que a vida é feita de momentos. Em que momentos está? 
Estou num momento em que estou farta de meias palavras, meias promessas expectativas altas, cansei-me disso, estou numa fase em que é ou não é, não crio altas expectativas em relações a pessoas, não prometo nada que eu sei que não vou cumprir, não gosto que façam o mesmo comigo. Agora quero tudo por inteiro! 

Se tivesse de definir amor numa palavra qual seria? 
O amor não se resume numa palavra, mas vou pensar … Há aquelas palavras clichés, do tipo, entrega, partilha, mas eu definia o amor em liberdade porque quando tens alguém, e isto pode ser nos vários tipos de amor, tens de te sentir livre, de seres quem tu és, dizeres o que tu pensas, tens de te sentir livre perto das pessoas, quando isso acontece acho que há mesmo amor. Está livre ou é livre? É assim, eu não estou apaixonada por ninguém, mas estou a conhecer pessoas, e não é no sentido de me querer envolver com elas.


Se lhe fossem garantidos três desejos o que pedia? 
Epá fogo … (pensativa) Pedia à companhia aérea, viagens infinitas para mim e uma pessoa, depois eu escolhia a pessoa, não seria sempre a mesma. Isto é lixado! Sendo mais fútil pediria o euromilhões vezes mil.

Como lida com as tentativas de engate? 
(Risos) Depende da tentativa de engate, é assim eu sou um bocadinho burrinha nessas coisas, porque eu consigo notar quando estão a engatar os outros, mas não consigo notar muito bem essas coisas comigo, principalmente se os rapazes forem muito subtis.

Qual é o seu ponto fraco? 
O meu ponto fraco é quando se metem com os meus amigos, fico mais atiçada, eu sou uma pessoa bastante calma. 

As pessoas revelam-se mais quando está em baixo ou quando está em alta? 
Em baixo, aí é que elas se revelam sempre, nessas alturas é que tu vês quem são os teus amigos e quem te conhece bem, a Rita (nome falso por causa da remoção de entrevista) está noutro continente, falamos por voice, mensagem ou chamada, ela pela maneira como mando a mensagem já sabe se eu estou bem ou mal. 

Onde se imagina daqui a dois anos? 
Em mestrado num país completamente diferente do meu. E mestrado no estrangeiro porquê? É assim, a minha turma da faculdade não tem nada a ver com a minha turma do secundário, eu mal me dou com as pessoas da minha turma da faculdade, digo boa tarde e isso tudo, falo com algumas, fora da faculdade só me dou com uma pessoa e mesmo assim não está na minha turma. A faculdade não está a ser a experiência que eu queria que fosse, mas também me serviu para outras coisas. Mestrado no estrangeiro é uma forma de me libertar da atualidade.


Quem tem orgulho em si? 
Eu não sei, acho que nunca ouvi de alguém “eu tenho orgulho em ti!”. E de quem tens orgulho? Tenho orgulho na Rita (nome falso por causa da remoção de entrevista) por ter ido para fora sozinha e estar a superar isso, ela é muito mais forte do que ela pensa. Apesar das discussões que tenho com a minha mãe, tenho muito orgulho nela e na pessoa que ela é, (emocionada) se há pessoa que eu gosto mesmo é dela, a minha mãe está sempre lá e eu tive a prova disso há pouco tempo, porque fiz um grande disparate e a minha mãe não deixou de estar lá, não ficou chateada, ela tremeu por todo o lado, eu sei que posso contar com ela para tudo, no fundo somos muito parecidas, mas diferentes ao mesmo tempo. Também tenho orgulho no meu pai, apesar de chocarmos um bocadinho, ele tem pensamentos muito retrógrados, mesmo em relação a mim, eu sou a menininha então não posso fazer isto e aquilo, não posso estar com rapazes e pronto, ele ensinou-me muita coisa, acho que não sabe, eu olho para ele como um exemplo a seguir, é bué humilde e pronto … (comovida)

Se pudesse voltar atrás repetia tudo? 
Repetia, porque se mudasse alguma coisa não seria a pessoa que sou hoje, estou feliz com a pessoa que sou hoje. 

O que lhe disseram e nunca esquecerá? 
(Pensativa) Isto não é para ser convencida, mas recebo muitos elogios. Acho que sou uma pessoa com quem as outras pessoas sentem empatia, não consigo ser má para ninguém. Mas o que mexe mais comigo é quando dizem “és interessante!”.


Amou quem não devia? 
Sim. Nem foi preciso amar, eu gostei de quem não devia. 

Como a conquistam? 
Gosto de cenas simples, eu vivo as emoções demasiado intensamente.

Qual foi a última vez que disse “amo-te”? 
(Silêncio) Já foi há algum tempo!

Ficou alguma coisa por dizer? 
Aqui, na entrevista? Sim! Acho que não, só quero que as pessoas percebam que devem ser quem são e não podem ter medo de dizer o que querem. As pessoas devem é ser livres! 

Quando se vê ao espelho vê quem queria ser? 
Vejo a 90%, ainda falta um bocadinho. O que falta? Pois, o que falta … eu acho que falta a experiência de ir para fora sozinha, isso também vai servir para perceber muita coisa da minha vida. 

O que quer o seu coração? 
Só quer paz, sem dramas, quer aproveitar a vida e o que tiver de acontecer acontece. O meu coração quer viver!


Obrigado por leres.

Diogo Pereira Mota

6 comentários:

  1. Que giro poder comparar duas entrevistas assim! Parabéns, aos dois :)

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  2. r: Muito obrigada, vou tentar fazer por isso! :)

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  3. R: por acaso a autora já tem livros traduzidos para Português mas como este foi de graça, não está sob nenhuma editora logo não há traduções.

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  4. r: é mesmo isso, o pormenor de cada episódio, eu adoro aquela série.
    O que importa é que estejas feliz com a tua escolha.

    Excelente entrevista.

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